Gurupá: vivências de um recanto amazônico

 

 

                                                                                                  Por Jordy Carvalho Pantoja*
 
Segundo Theodoro Braga, a origem do nome Gurupá é indígena, que significa “porto de canoas”. Apesar de ser uma cidade distante da maior cidade da região, Gurupá não deixa de ser encantadora, proporcionando uma vista magnífica do Rio Amazonas e o famoso Igarapé Itapereira. Ainda que sendo uma cidade de pequeno porte, os habitantes que nela residem mostram-se bastante agradados com o ambiente urbano assim como pelas belezas naturais encontradas em toda parte.

 

Município do Estado do Pará, Gurupá está localizado na microrregião de Portel e na mesorregião do Marajó, a uma latitude 01°24’18” sul e a uma longitude 51°38’24” oeste, apresentando uma média altimétrica de 20 metros, extensão territorial de 8.540,103 km², sua população é de 29.017 habitantes (IBGE, 2010).
 
O município é fruto de um longo processo de ocupação e desocupações, estando anteriormente disposto como um dos vários fortes construídos pelos holandeses para uma melhor comercialização com os nativos da região, denominando-se Mariocaí, estando à margem direita do rio Amazonas. Por intitular-se, nos documentos oficiais, Capitão-Mor da Capitania do Pará, primeiro descobridor e conquistador de Gurupá e rios do Amazonas, Bento Manuel Parente arrasou o forte com o auxílio das armas dos guerreiros Tupinambás em 1623 (guerra aos estrangeiros), construindo ali o forte de Santo Antônio de Gurupá que, por falta de cuidados, acabou em ruínas.
 
A tomada do forte Mariocaí foi um importante passo para a consolidação da conquista da Amazônia pelos portugueses, que agora abririam caminho pelos rios a fim de estabelecer seus domínios. Começava em Gurupá a histórica luta luso-amazônida para ruptura da então fronteira delimitada pelo tratado de Tordesilhas, assim, por ter expulsado os holandeses e britânicos. A fronteira se desloca ao Oiapoque como doação pela coroa espanhola da capitania do cabo do Norte ao Capitão-Mor do Grão-Pará Bento Maciel Parente.
 
Em 1639 Gurupá já era uma vila e no mesmo ano é criada a Freguesia de Santo Antônio de Gurupá, que é mantida em lei a partir de 1827. Em 1930, no dia 4 de novembro, Gurupá teve incluídas em seu território, as terras de Porto de Moz, perdidas posteriormente. Na divisão estipulada para o período de 1944-1948, Gurupá, Carrazedo e Itapuã, situação que permanece até hoje.
 
Assim como em muitas localidades da imensa região amazônica, os festejos realizados na cidade transbordam de uma carga de arcadismo e sentimentos voltados para o meio em que vivem. Festivais como a do Dourado (peixe típico da região), onde uma colônia de pescadores se reúne para saudar a cultura gastronômica da região em destaque e deliciar-se com receitas das mais variadas. Cita-se também a festa de São Benedito de Gurupá, onde novamente se observa o tradicionalismo religioso dessas comunidades com a “Levantação” do Mastro, “Meia-Lua”, Vesperal, Prossição e Derrubada do Mastro, expõem bem essa realidade.
 
Não diferente de outras localidades da região, os locais atrativos da grande parcela da população se resume a praças e bares. Outro atrativo ainda são as comunidades quilombolas: Carrazedo, Santo Antônio Camutá do Ipixuna, Alto Ipixuna, Bacá do Ipixuna, Alto do Pucuruí, Flexinha, Jocojó, Alto Pucuruí, Maria Ribeira e Gurupá Mirim. Nesta última encontra-se o mais antigo e importante sítio arqueológico, fato de estarem nela resquícios de cerâmica indígena Colonial e Pré-colonial.
 
Ainda se tratando dessa intimidade com a paisagem natural, na região das ilhas, a Casa da Família Rural proporciona educação voltada para o campo e desde o inicio sua atuação tem recebidos inúmeros elogios, assim como o Instituto Gurupá que faz frente no combate a exploração do trabalho infantil.
 
Uma das grandes dificuldades enfrentadas por quem vive em Gurupá é, sem dúvida, a constante falta de energia e a precariedade do serviço de água, onde uma minoria recebe esses serviços e dispõe de esgoto, permitindo assim dizer que o saneamento básico na cidade está em dívida.
Além das serrarias irregulares, somadas em torno de 100 a 150 ao todo, algumas dedicadas a construir pequenas embarcações ou vender madeira semi-beneficiada.
 
Em contrariedade a esse quadro, a saúde se destaca dentre outros municípios da região, dispondo de 21 postos de saúde familiar na zona rural, equipados com voadeiras, além do Hospital Municipal Jaime Aben-Athar.
 
Gurupá tem como bases econômicas extração da madeira, da borracha, do palmito, da mandioca, do cacau e do açaí, além da pesca de peixe e camarão. A extração do açaí destaca-se ainda mais, com mais de 800 mil latas/safra, destinadas a Macapá e Belém. Orgulhosamente, Gurupá expõe sua grande capacidade em se tratando de pescado, com uma produção de duas a três toneladas de peixe por semana, com méritos a Colônia de Pescadores com mais de dois mil sócios. Porém há dificuldades encontradas pela concorrência das embarcações de maior porte de Belém e Abaetetuba, pesca industrial em geral. Somado a isso, a falta de uma fábrica de gelo para armazenar a produção do pescado torna mais complicado ainda a situação.
 
Aspirando por futuros melhores e desafiando as dificuldades atuais, assim sois gurupaenses, uma pequena reflexão desse pequeno município e sua população que vive constantes transformações, mas que não esqueceu suas origens. Pudera ter todos a possibilidade de vivenciar as maravilhas que Gurupá tem a oferecer.
 
*Bolsista de Extensão GeoXingu / Acadêmico de geografia UFPA-Altamira
 
 
REFERÊNCIAS
 
Gurupá, História. Disponível em
https://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/georeferenciamento/gurupa.pdf
https://www.vivamarajo.org.br/pages/om_mcont_gurupa
Gurupá, Dados, Cultura. Disponível em
https://www.vivamarajo.org.br/pages/om_mcont_gurupa
https://www.portalmarajo.tur.br/municipios/gurupa/
https://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?codmun=150310&r=1
https://fortxingu.blogspot.com.br/p/municipios.html

 

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